Acabei meu dia hoje pensando: "finalmente consegui"
Finalmente consegui colocar na minha cabeça o meu valor, finalmente consegui perceber que você era um nada e eu sempre fui tudo.
Toda a parte que trabalhava, toda a parte que queria que desse certo, toda a parte positiva.
Você nem ligava, nem percebia o quanto eu queria ser feliz com você, não percebia que eu queria que os sonhos fossem realidade, enquanto os seus só passavam de palavras vazias, digitadas, ditas...
Acho que aprender a desapegar é uma das coisas mais difíceis que eu aprendi, aprendi com lágrimas, aprendi enquanto meu coração falava que eu tava errada e que eu deveria voltar, depois de tantas coisas mesmo assim, aprendi.
Nas últimas semana tenho lido histórias de amor, amores impossíveis que no final dão certo. Aprendi a não me iludir com isso faz um tempo, mas gosto de pensar que em algum universo é possível.
"Tá tudo errado" eu penso, "eu gostava no meu passado" eu insisto, mas minutos depois eu sei que meu futuro me guarda algo muito bom, melhor que você.
Enquanto penso, sorrio timidamente pra mim mesma, pois agora não sou mais sua, sou "dele".
Me sinto cada vez mais longe de você e por isso me sinto mais feliz, a cada passo que dou para longe é um passo que dou para perto "dele".
Não te esquecerei, nunca, e você sabe disso. Afinal, primeira paixão a gente nunca esquece, aquele amor que você pensa que só esta crescendo, mas no final cai sobre você e esmaga os seus sorriso, a sua felicidade.
Não acho mais estranho acordar bem, não acho mais estranho sorrir com coisas bobas, porque agora eu sei que eu estou sendo eu mesma, sei que a minha cabeça esta limpa.
Limpa sem você.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Hoje eu acordei feliz
O som do despertador corta meus sonhos como se fosse uma faca afiada em um papel bem fino.
Mais um dia, mais um dia...
Levanto, coloco roupa, coloco os fones, coloco a música.
Hoje eu acordei feliz, e isso é estranho.
Hoje eu acordei feliz, e sinto que algo de ruim vai acontecer.
Coloco a música que está na minha cabeça, a música mais agitada que tenho naquele momento. Ando no ritmo dela, arrisco uns passos, todos escondidos.
Hoje eu acordei feliz, e isso é bom.
Hoje eu acordei feliz, e espero continuar assim.
A sala ta vazia, mais passos, mais músicas. Sempre observando a movimentação, sempre observando se tem alguém me olhando.
Hoje eu acordei feliz, e arrisquei um sorriso.
Hoje eu acordei feliz, e o sorriso foi correspondido.
Primeira interação do dia, nunca gostei muito de pessoas, evito multidão, evito grupos grandes.
Pra que mais de dois amigos se eu só tenho duas mãos para segurar?!
Hoje eu acordei feliz, e isso está sendo bom.
Hoje eu acordei feliz, e isso está durando mais do que eu esperava.
Rio, converso, grito, brinco. É rotina, e mesmo não gostando de rotinas, eu gosto dessa.
Acaba a interação e me isolo.
Procuro alguém na solidão, mas esse alguém está diferente, como sempre.
Hoje eu acordei feliz, e isso é bom.
Hoje eu acordei feliz, mas a felicidade está escorrendo pelos meus dedos, tão rápida.
As minhas mãos coçam, meus amigos se aproximam mesmo distantes.
Aprenda que eu não vou estar pra sempre lá, pra sempre na sua prateleira como um brinquedo. Meus amigos me puxam e nós corremos, e esse vento que bate em mim é muito bom.
Hoje eu acordei feliz, e isso é bom.
Hoje eu acordei feliz, e novamente estou feliz.
Não, não estou pronta para outro dia. Não, não quero virar a página do calendário.
Mas sou obrigada, igual a todas as vezes.
Hoje eu acordei feliz, e isso é bom.
Hoje eu acordei feliz, e com qual você eu vou falar amanhã?
Mais um dia, mais um dia...
Levanto, coloco roupa, coloco os fones, coloco a música.
Hoje eu acordei feliz, e isso é estranho.
Hoje eu acordei feliz, e sinto que algo de ruim vai acontecer.
Coloco a música que está na minha cabeça, a música mais agitada que tenho naquele momento. Ando no ritmo dela, arrisco uns passos, todos escondidos.
Hoje eu acordei feliz, e isso é bom.
Hoje eu acordei feliz, e espero continuar assim.
A sala ta vazia, mais passos, mais músicas. Sempre observando a movimentação, sempre observando se tem alguém me olhando.
Hoje eu acordei feliz, e arrisquei um sorriso.
Hoje eu acordei feliz, e o sorriso foi correspondido.
Primeira interação do dia, nunca gostei muito de pessoas, evito multidão, evito grupos grandes.
Pra que mais de dois amigos se eu só tenho duas mãos para segurar?!
Hoje eu acordei feliz, e isso está sendo bom.
Hoje eu acordei feliz, e isso está durando mais do que eu esperava.
Rio, converso, grito, brinco. É rotina, e mesmo não gostando de rotinas, eu gosto dessa.
Acaba a interação e me isolo.
Procuro alguém na solidão, mas esse alguém está diferente, como sempre.
Hoje eu acordei feliz, e isso é bom.
Hoje eu acordei feliz, mas a felicidade está escorrendo pelos meus dedos, tão rápida.
As minhas mãos coçam, meus amigos se aproximam mesmo distantes.
Aprenda que eu não vou estar pra sempre lá, pra sempre na sua prateleira como um brinquedo. Meus amigos me puxam e nós corremos, e esse vento que bate em mim é muito bom.
Hoje eu acordei feliz, e isso é bom.
Hoje eu acordei feliz, e novamente estou feliz.
Não, não estou pronta para outro dia. Não, não quero virar a página do calendário.
Mas sou obrigada, igual a todas as vezes.
Hoje eu acordei feliz, e isso é bom.
Hoje eu acordei feliz, e com qual você eu vou falar amanhã?
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Eu, Etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
-Carlos Drummond de Andrade
sábado, 24 de agosto de 2013
Entrei, sentei, abri meu livro e os olhares eram de animação
Entrei, sentei, abri meu livro e os olhares eram de alegria
Entrei, sentei, abri meu livro e os olhares eram de entusiasmo
Entrei, sentei, abri meu livro e outra pessoa sentou também
Entrei, sentei, abri meu livro e essa pessoa começou a chamar a atenção
Entrei, sentei, abri meu livro e os olhares estavam divididos
Entrei, sentei, abri meu livro e os olhares estavam quase parando
Entrei, sentei, abri meu livro e fiquei invisível
Entrei, sentei, abri meu livro e virei uma voz distante
Entrei, sentei, abri meu livro e minha voz sumiu
Entrei, sentei, abri meu livro e os olhares voltaram
Entrei, sentei, abri meu livro e já não me queriam mais ali
Entrei, sentei, abri meu livro e tudo estava torto
Entrei, sentei e me perguntei "o que ainda estou fazendo aqui?"
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
aprendendo a não aprender
Em anos eu aprendi a ser paciente. Aprendi que eu sou mais importante do que você. Aprendi que sou mais orgulhosa. Aprendi que meu mundo é maior do que o seu.
Aprendi que a primeira palavra nem sempre tem que ser minha, mas a última sim. Aprendi que mesmo a última palavra sendo a minha, seus comentários não devem parar.
Aprendi que você tem que começar o assunto e aprendi que você tem que terminar. Aprendi que eu não tenho obrigação a nada e você tem obrigação a tudo.
Então por que eu não aprendo a deixar pra lá? Por que eu não aprendo a tentar parar de adivinhar como você recebeu a minha mensagem ou o que você pensou vendo o meu nome na tela?
Por que eu não aprendo a deixar você? Por que eu não aprendo que você não quer estar lá o tempo todo? Por que eu não aprendo que eu tenho que continuar? Por que eu não aprendo que eu tenho que andar sozinha? Por que eu não aprendo que eu tenho que soltar a sua mão e correr...
Correr o mais rápido que eu posso, porque como sempre, o vilão da minha história é você.
Aprendi que a primeira palavra nem sempre tem que ser minha, mas a última sim. Aprendi que mesmo a última palavra sendo a minha, seus comentários não devem parar.
Aprendi que você tem que começar o assunto e aprendi que você tem que terminar. Aprendi que eu não tenho obrigação a nada e você tem obrigação a tudo.
Então por que eu não aprendo a deixar pra lá? Por que eu não aprendo a tentar parar de adivinhar como você recebeu a minha mensagem ou o que você pensou vendo o meu nome na tela?
Por que eu não aprendo a deixar você? Por que eu não aprendo que você não quer estar lá o tempo todo? Por que eu não aprendo que eu tenho que continuar? Por que eu não aprendo que eu tenho que andar sozinha? Por que eu não aprendo que eu tenho que soltar a sua mão e correr...
Correr o mais rápido que eu posso, porque como sempre, o vilão da minha história é você.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Não me imagino ganhando.
Não me imagino ganhando dinheiro.
Não me imagino ganhado fama.
Não me imagino ganhando sucesso.
Não me imagino ganhando amor.
Não me imagino ganhando você.
Não me imagino ganhando nada.
Só me imagino ganhando a vida.
Ganhando os passos que eu dou.
Ganhando o ar que respiro.
Ganhando a vida até que eu ganhe a morte.
Até que não seja possível eu ganhar mais nada.
Não me imagino ganhando dinheiro.
Não me imagino ganhado fama.
Não me imagino ganhando sucesso.
Não me imagino ganhando amor.
Não me imagino ganhando você.
Não me imagino ganhando nada.
Só me imagino ganhando a vida.
Ganhando os passos que eu dou.
Ganhando o ar que respiro.
Ganhando a vida até que eu ganhe a morte.
Até que não seja possível eu ganhar mais nada.
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Um passo de cada vez, um pé atrás de outro.
Respiração automática como o frio que passa pelo corpo.
Anda, anda, anda e não parece chegar a lugar nenhum.
Para, respira, passa a mão pelos braços gelados, respira mais fundo e atravessa a rua.
Seus passos duplicam.
Mas não são só seus passos.
Anda, anda, corre, anda e ainda não chegou a lugar nenhum.
Seus passos viram um de novo e tudo volta a ser automático.
Sua vida volta a ser sozinha de novo com tantos passos duplicados.
Respiração automática como o frio que passa pelo corpo.
Anda, anda, anda e não parece chegar a lugar nenhum.
Para, respira, passa a mão pelos braços gelados, respira mais fundo e atravessa a rua.
Seus passos duplicam.
Mas não são só seus passos.
Anda, anda, corre, anda e ainda não chegou a lugar nenhum.
Seus passos viram um de novo e tudo volta a ser automático.
Sua vida volta a ser sozinha de novo com tantos passos duplicados.
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